24 de maio de 2012

Rest In Peace



  Eu era uma pequena criança que nada mais tinha a não ser o seu sorriso, a sua felicidade e uma doença que atrasava a pessoa que amava, quando íamos em visitas de estudo com os nossos amigos e professores. Vivia na cidade, até aquele dia, em que a notícia se espalhou. Ele tinha matado a sua família e eu não sabia o porquê…
  Frustrada, não sabia o que fazer, corri em direção á floresta e procurei-o. Gritei o seu nome, imensas vezes, mas ele não me respondia. Deixei-me cair de joelhos no chão e parei as lágrimas, mesmo antes de estas caírem. Que iria fazer sem ele…?
  -És a única pessoa que me compreende…
  Disse, baixo e quase sem voz. Fiquei assim imóvel, por duas horas, debaixo da chuva grossa que entretanto começou a cair. Não queria acreditar, ele tinha matado aqueles que mais amava. Não o compreendia, nem sabia o que teria acontecido para ele fazer aquilo. A cabeça começou a pesar e o corpo a ficar sem força. Tudo começou a ficar desfocado e a minha vida mais curta, cai para o lado, mas algo molhado e quente, agarrou o meu corpo ensopado. Dizia o meu nome, chamava por mim. Mas eu não lhe conseguia responder, estava sem forças…e depois de tanto o chamar, já nem lhe queria responder.
  Pegou em mim e levou-me para um sítio qualquer. Parecia uma gruta, deitou-me numa cama improvisada e acendeu uma pequena fogueira. Murmurava pragas e perguntava-se vezes sem conta o porquê de eu ter ficado debaixo daquela chuva mesmo sabendo a doença que eu tinha.
  Falei-lhe naquele momento, expressando aquilo que senti-a por ele. “Amo-te e desculpa por sempre te atrasar…”
  Foram as minhas últimas palavras naquela noite e para o todo sempre como humana, no outro dia ao amanhecer. Ele abanava o meu corpo imóvel e sem forças. Estava frio e parecia sem vida, pois sim…eu não estava mais ali. Eu tinha morrido, devido ao seu egoísmo. “Porque é que não me levaste contigo?”. Perguntei-lhe, mas ele não podia ouvir.
  Eu não passava de mais um espírito que vagueava como muitos outros na terra. Vítima de desgostos e doenças, mas eu não serei como muitos outros que seguem a luz e encontram a paz.

 A minha paz está junto dele…junto daquele que amo.

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